Já falamos aqui da dor da perda gestacional e o quanto é importante dar sentido para essa perda e vivenciar o luto.
Hoje trazemos sobre a importância da Yoga no processo da Dor.
Como o Yoga pode nos ajudar a lidar com nossas dores
Muito se fala do Yoga hoje em dia, essa prática virou moda. Para se manter a saúde, para buscar a restauração da saúde, equilíbrio, “mente sã”, etc. O que mais se popularizou no ocidente foram as posturas, chamadas de ásanas e passamos a achar que Yoga é somente a prática dessas posturas, desses ásanas, com alguma mescla de meditação e relaxamento.
Porém o que infelizmente poucos sabem, é que Yoga é muito mais do que isso. Yoga é uma filosofia de vida, que pode nos apoiar a vivenciar momentos difíceis, nos dando sabedoria e entendimento para atravessá-los, para chegar na outra margem do rio mais fortalecidos, com nossas dores e perdas ressignificadas.
Vivemos em uma época onde nossas tristezas devem ser escondidas atrás de um falso sorriso, onde não podemos nos dar um tempo de quietude e reflexão quando algo nos acontece, somos atropelados pela vida e também pelas mortes, e não podemos vivenciar cada processo no tempo necessário para nos recuperarmos. Vamos levando a vida quase que em um folego só, sem respirar.
Não sabemos mais ouvir alguém que sofre, não sabemos falar da nossa dor. Tudo o que falamos e ouvimos, normalmente vai na linha do: vai passar, vai dar tudo certo, tá na hora de superar, vamos a vida continua!...
E quando as coisas não dão certo? E quando a vida se interrompe? E quando a dor não passa?
Nos sentimos sozinhos, incompreendidos, abandonados. Normalmente nos fechamos pois não encontramos alguém com quem possamos compartilhar, alguém que esteja com tempo para nos dar tempo de superar.
Com o Yoga aprendemos a respirar, aprendemos a inspirar e expirar profunda e
lentamente. Aprendemos a ficar a sós com as nossas dores e acolhê-las. Aprendemos a dar tempo ao outro, a perceber que cada um tem o seu limite.
Compreendemos que o melhor a se fazer com algum acontecimento desagradável é vivenciá-lo. Sem apego percebemos que as coisas vêm e vão a seu tempo e que não adianta querer expulsar um sofrimento antes de estarmos prontos para deixa-lo ir porque isso acaba apenas reforçando sua presença.
O principal aprendizado que podemos ter com o Yoga é o autoconhecimento. Reconhecendo quem e o que somos, integrando e dando sentido ao que vivenciamos. Buscamos conhecimento interno, ansiando chegar a um equilíbrio entre dor e prazer, luz e sombra, seguimos na intenção de encontrarmos equanimidade em nosso ser.
Uma outra forma de vivenciarmos o tempo e a vida se descortina com a prática da filosofia do Yoga. Apaziguamos nossa ansiedade em resolver problemas, conflitos. Passamos a nos conectar com nosso ser, ao entrarmos em contato com a nossa respiração, por exemplo, entramos em contato com a nossa maior intimidade. Quando buscamos atalhos para transpor aquilo que se coloca em nosso caminho deixamos de aprender. Se negamos nossa dor, perdemos a possibilidade de nos tornarmos melhores.
Autoconhecimento nos traz autonomia para fazermos escolhas mais verdadeiras, para através das nossas ressignificações, fazermos novas tentativas, buscarmos novos caminhos, ou o mesmo caminho, de uma forma internamente diferente.
O Yoga também ensina a persistir, a superar nossos limites sem nos desrespeitarmos. Dando tempo às nossas dores vamos ampliando nossa capacidade de resiliência. Sem pressa conseguimos dialogar com o nosso sofrimento, não desviamos mais o nosso olhar, “olhos nos olhos” aprendemos a lição de cada experiência, mas não estacionamos, seguimos em frente, com calma e tranquilidade.
Janaína Shirazawa de Freitas, é psicóloga, com mais de 10 anos de experiência na área de saúde mental.
Instrutora de Yoga para adultos, crianças e gestantes. Consteladora Familiar.
Colaboradora e parceira do Maternidade Interrompida.
Adorei o texto!!
ResponderExcluirRealmente, é uma excelente dia....Obrigada!!!
Tem 20 dias que perdi minha filhinha!!! E quero muito fazer Pilates e Yoga.