terça-feira, 30 de junho de 2015

Aborto Espontâneo: A dor da espera.

A imagem é um monumento à Criança não nascida e está na Eslováquia

“ (...) Se é difícil enfrentar a morte no fim da vida, o fim da vida logo no início é dor condenada ao silêncio.(...)”. (  Eliane Brum).
Gestação evoluindo! Imagina-se como será o bebê, como ele está crescendo! Chega o dia de mais um ultrassom. Alegria no ar, expectativas e ansiedade. Mas, diante da ultrassonografia observa-se que algo não vai bem... E o que era para ser motivo de comemoração, explosão de alegria e felicidade, se torna uma desilusão, um choque. Tudo começa a ficar confuso e sem sentido. Choro à tona e perplexidade! Medo, desesperança e o diagnóstico dado: “aborto retido, em curso”. Destino do bebê tão desejado selado. Algo está na contramão da vida!(?).
Momento de grande angústia para os pais. Desmoronam todos os projetos e expectativas diante da gestação. Um amargo e longo vazio os espera diante da espera do aborto espontâneo. Ou situações em que há muita ansiedade e urgência na busca por intervenções para acelerar e ou finalizar todo o processo do aborto.
Vivência traumática e difícil de suportar que por muitas vezes desorganiza todo o psiquismo da mulher, da relação do casal e dos projetos em torno de uma família que por hora não irá se concretizar. Momentos de negação, revolta e tristeza profunda.
A experiência de morte tão perto da vida, gera um sentimento de incapacidade de gerar uma nova vida. Surgem muitos sentimentos negativos e se não são bem conduzidos, abre-se espaço para culpas e acusações mútuas. É preciso lembrar, que o pai\ PARCEIRO  também sofre, se angustia, e por muitas vezes se silencia diante do seu sofrimento e da sua parceira. Por vezes instala-se aí uma grande dificuldade de falar, de atribuir representação a perda. Silêncio anunciado e não denunciado porque o luto do aborto é considerado um luto “não autorizado”. E como já disse aqui em outro post um luto não reconhecido socialmente.
O luto necessita de um tempo de elaboração e esse tempo  é singular para cada um. Se principalmente, a mulher\mãe não abre espaços para ressignificar a perda, acaba respondendo a sua “urgência” em ser mãe, em logo engravidar e preencher seu vazio. Perigo à vista!
A perda gestacional deve ser elaborada, para daí sim, o casal se recuperar, se reencontrar, se reafirmar no desejo por uma nova maternidade e paternidade!
Tempo, muito desejo e Coragem!
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